Dreyfus vê maior mudança do Brasil para etanol, alerta para escassez de açúcar

O trader global de commodities Louis Dreyfus projetou na quarta-feira que as usinas brasileiras desviarão uma quantidade maior do que o esperado de cana-de-açúcar para a produção de etanol devido aos altos preços da energia, causando uma redução na oferta global de açúcar.

O diretor de açúcar da Dreyfus, Enrico Biancheri, disse durante a conferência de açúcar Citi ISO Datagro em Nova York que as usinas centro-sul (CS) do Brasil produziriam apenas 29 milhões de toneladas de açúcar na nova safra que começou em abril, uma visão que estaria em baixa fim das estimativas dos analistas até agora.

“Nos preços atuais, o mundo está caminhando para uma escassez de açúcar, devido a uma safra orientada para o etanol no Brasil”, disse Biancheri, acrescentando que os preços do açúcar precisarão subir para um prêmio sobre os preços do etanol para causar um aumento na produção de açúcar.

As usinas brasileiras têm certa flexibilidade para alterar a alocação de cana para açúcar ou etanol, dependendo dos preços de mercado. Devido aos altos preços da energia, havia uma expectativa no mercado de açúcar de que as usinas trocassem um pouco de cana por etanol, mas Dreyfus vê essa mudança como mais drástica.

Como comparação, a corretora e analista norte-americana StoneX projetou na terça-feira que as usinas brasileiras CS produziriam 33,9 milhões de toneladas de açúcar, quase 4 milhões de toneladas acima da estimativa de Dreyfus.

Biancheri disse que as vendas de etanol atualmente estão dando às usinas um retorno financeiro equivalente ao preço do açúcar de 20,18 centavos de dólar por libra-peso. O açúcar foi negociado na quarta-feira na ICE (NYSE:ICE) a 18,54 centavos/lb.