Fmi revisa a estimativa de crescimento do pib e da inflação para 2021 e 2022

FMI REVISA A ESTIMATIVA DE CRESCIMENTO DO PIB E DA INFLAÇÃO PARA 2021 E 2022

Revisão das estimativas para o PIB

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na última terça-feira (12), um relatório intitulado "World Economic Outlook - Recovery during a pandemic (perspectiva Econômica Mundial - Recuperação durante a Pandemia, em tradução livre)’’, em que faz a revisão das estimativas para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) e para a inflação das principais economias do planeta.

No documento o órgão reduz a estimativa do crescimento do PIB brasileiro de 5,3% para 5,2% em 2021 e de 1,9% para 1,5% em 2022. A estimativa global também foi revista. O desempenho do PIB mundial em 2021, que na estimativa divulgada em julho era de 6,0% foi revista para baixo, passando a ser de 5,9%. Já para 2022, não houve alteração, continuando nos mesmos 4,9%.

Duas outras revisões que merecem destaque são as dos números estimados para as duas principais economias do globo: Estados Unidos da América e China. Enquanto para os EUA, a estimativa para esse ano sofreu uma queda considerável de 7,0% para 6,0%, para a China, a queda é menos significativa, passando de 8,1% para 8,0%.

Porém, para 2022 a situação é diferente. Enquanto para a China houve uma redução na estimativa de 0,1% (de 5,7% para 5,6%), para os EUA a estimativa foi revista para cima, indo de 4,9% para 5,2%.

Quando o assunto é a América Latina, a estimativa para 2021 foi revisada para cima passando de 5,8% para 6,3%. Esse aumento nas expectativas veio mesmo com as duas principais economias da região, Brasil e México, sofrendo uma redução na estimativa para esse ano. Já para o ano que vem, espera-se que a economia da região cresça em 3%.

De acordo com o relatório do órgão mundial, países que têm uma dependência maior de commodities, tendem a crescer em um ritmo mais acelerado. Esse é o caso, por exemplo, do Peru e do Chile, que devem crescer em torno de 10% em 2021. Outro fator que deve ter uma grande influência no crescimento econômico dos países, é o ritmo da vacinação contra a COVID-19.

Segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, enquanto os países de economia desenvolvida têm, em média, 60% da população completamente imunizada, países de baixa renda vacinaram, em média, apenas 4% da população até esse momento.

Isso deve impactar fortemente o crescimento desses países, uma vez que a retomada das atividades econômicas deve ser bastante lenta, ao passo que nos países em que o percentual da população vacinada é alto, as atividades já foram ou estão sendo retomadas.

Esse foi um dos motivos pelo qual o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adanom, fez e continua fazendo duras críticas aos países desenvolvidos na questão do apoio internacional à vacinação dos países mais pobres, principalmente aos africanos e aos do sudeste asiático.

Previsão para a inflação

O FMI também revisou as estimativas para a inflação. Para o Brasil, o Fundo espera uma inflação de 7,7% para 2021 e 5,3% para 2022. Lembrando que de outubro de 2020 à setembro de 2021, a inflação brasileira atingiu 10,25%, chegando a dois dígitos pela primeira vez em mais de 5 anos.

Vale lembrar que o relatório “Focus - relatório de mercado”, que apresenta a expectativa do mercado financeiro e que é divulgado toda segunda-feira, elevou a estimativa de inflação em 2021 para o Brasil, passando de 8,51% (percentual do relatório da semana anterior) para 8,59%. Para 2022, a estimativa de inflação do mercado passou de 4,14% na semana anterior para 4,17% no relatório desta semana.

Como comparação, temos a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021 que é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo, ou seja, se estiver entre 2,25% e 5,25%, a inflação estará dentro da meta. Já para 2022, a meta de inflação é de 3,5%, sendo que se estiver entre 2% e 5% estará dentro da meta. Com isso percebe-se que as estimativas já estão bem acima da meta definida.

O aumento da inflação tem se mostrado um fenômeno mundial nesses tempos de pandemia. A inflação nos Estados Unidos, por exemplo, de janeiro a setembro já atingiu o patamar de 5,3%, enquanto que a estimativa do Federal Reserve (FED) é de 3,4% para o ano.

Também tem se visto recordes sobre recordes nas taxas de inflação em países europeus, como Alemanha e República Tcheca. Na Alemanha somente em setembro, a inflação foi de 0,7%, chegando a um acumulado no ano de 4,1%, maior índice desde 1997. Já na República Tcheca, a inflação também atingiu o acumulado de 4,1% em setembro, elevando o temor de um recorde histórico.

Como forma de tentar controlar a inflação, os bancos centrais nacionais tendem a atuar sobre as taxas de juros, e é exatamente o que tem acontecido. No Brasil, a taxa de juros começou o ano em 2% e fechou setembro em 6,25%. E a estimativa do mercado é que ela chegue a 8,75% até o fim do ano.

Diante desse contexto, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath afirma que as políticas econômicas precisarão andar entre a linha tênue de combater a inflação e incentivar a recuperação econômica.