A inflação teimosamente alta da Argentina deve esquentar novamente em março, de acordo com uma pesquisa de analistas da Reuters, criando pressão para o governo que busca conter a alta dos preços que bloqueiam o crescimento econômico e aumentam a pobreza.
A pesquisa com 16 analistas locais e estrangeiros indicava que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do país sul-americano avançaria 4% no mês, mais rápido do que a alta de 3,6% do mês anterior, puxada principalmente pelos custos de alimentação e educação.
A Argentina deve ter uma inflação de 46% este ano, mostrou uma pesquisa recente do banco central, bem acima das metas do governo, embora um pouco abaixo das pesquisas anteriores. A alta dos preços foi um elemento-chave para a pobreza que atingiu 42% no ano passado.
Os analistas estão divididos sobre se uma iniciativa do governo para conter a inflação funcionará. É um foco importante nas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um novo acordo para rolar cerca de US $ 45 bilhões em empréstimos que a Argentina não pode pagar.
Hernán Hirsch, da FyE Consult, disse que a inflação está “se consolidando”, mesmo com os controles cambiais controlando a taxa de câmbio.
Isaías Marini, economista da consultoria Econviews, porém, previu que a alta dos preços esfriaria.
“Nos próximos meses projetamos uma desaceleração da inflação, principalmente por conta da nova estratégia do banco central de reduzir a depreciação cambial, mas também por conta dos controles e congelamento das taxas”, disse.
Alberto Ramos, da Goldman Sachs (NYSE: GS), observou em uma nota que os preços estavam subindo na região, impulsionados pelos custos de alimentos e energia, e isso provavelmente pioraria antes de melhorar.
“O aumento da inflação não é mais um risco, mas uma realidade tangível para vários mercados emergentes, particularmente na América Latina”, disse ele.
A agência de estatísticas INDEC da Argentina deve divulgar os dados oficiais do IPC de março na quinta-feira.