Investidores globais exigem se reunir com diplomatas do Brasil sobre desmatamento

Um grupo de 29 empresas de investimento globais que gerenciam US $ 3,7 trilhões estão exigindo reuniões com diplomatas brasileiros em todo o mundo para pedir ao governo de direita do presidente Jair Bolsonaro que pare de aumentar o desmatamento na floresta amazônica.

Os investidores, liderados pela empresa norueguesa de seguros e pensões Storebrand Asset Management, enviaram cartas às embaixadas brasileiras em sete países, convocando reuniões e expressando preocupação de que o Brasil esteja revertendo as proteções ambientais, de acordo com um comunicado que incluía uma cópia da carta.

“A escalada do desmatamento nos últimos anos, combinada com relatos de um desmantelamento de políticas ambientais e de direitos humanos e órgãos de fiscalização, estão criando uma incerteza generalizada sobre as condições para investir ou fornecer serviços financeiros ao Brasil”, diz a carta.

Defensores ambientais culpam Bolsonaro por enfraquecer as proteções e causar um aumento no desmatamento e incêndios florestais desde que assumiu o cargo em 2019.

Bolsonaro argumentou que o Brasil é um modelo de conservação, ao exigir mais mineração e agricultura na região amazônica.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil não respondeu a um pedido de comentário.

O CEO da Storebrand Asset Management, Jan Erik Saugestad, disse em entrevista que, enquanto as iniciativas anteriores focavam em pressionar as empresas brasileiras, esse novo esforço é voltado diretamente ao governo.

As 25 empresas europeias que assinaram o contrato incluem a Nordea Asset Management da Noruega e a Igreja da Inglaterra, que possui um fundo de pensão de 2,8 bilhões de libras (US $ 3,5 bilhões). A LGIM (Legal & General Investment Management) do Reino Unido está entre os maiores investidores com 1,2 trilhão de libras sob gestão.

As empresas norte-americanas Domini Impact Investment e Pax World Funds também assinaram a carta, enquanto a Fram Capital, com sede em São Paulo, é o único signatário brasileiro.

Embora a Europa tenha sido tradicionalmente a mais crítica crítica do desmatamento da Amazônia, a Sumitomo Mitsui Trust Asset Management do Japão assinou a carta, e o diretor sênior de sustentabilidade Seiji Kawazoe disse que espera que mais empresas japonesas enfrentem problemas com o desmatamento no futuro.

A carta não indica conseqüências se o governo do Brasil não tomar medidas, mas sete empresas financeiras europeias disseram à Reuters na semana passada que poderiam se desfazer de participações ligadas ao Brasil se a destruição ambiental continuar. Muitas dessas empresas também assinaram a carta para embaixadas.

A UE é muito sensível a temas que são relacionados às mudanças climáticas. Após um inverno sem neve em vários países e alta das temperaturas médias nos últimos anos, a discussão sobre impactos da atividade humana no aquecimento global tornaram-se ainda mais presentes. Dessa forma, o desmatamento e queimada da Amazônia é visto como uma falha do governo em impor regulamentações ambientais necessárias. Além disso, a fala de Ricardo Salles em vídeo da reunião ministerial foi vista com espanto, até mesmo por políticos mais ao centro. A atual política do Ministério do Ambiente desgasta mais ainda a imagem do Brasil no exterior, e pode resultar - na verdade já está - em perdas de investimentos de empresas estrangeiras.