MercadoLibre, rival da Amazon.com na América Latina, voa alto com IA, empréstimos e drones

Quando Wagner Dias e sua esposa Mariana precisaram de um empréstimo para expandir o negócio de roupas infantis, os empreendedores brasileiros recorreram ao MercadoLibre (NASDAQ:MELI) Inc. da Argentina, a plataforma online que eles usam para vender seus produtos.

O MercadoLibre, que está investindo em um mercado regional de fintech e crédito cada vez mais concorrido, já tinha os dados necessários para dar sinal verde ao empréstimo. A Amazon.com (NASDAQ:AMZN) da América Latina usou inovações como essa para consolidar seu status como a empresa mais valiosa da região, com uma capitalização de mercado superior a US$ 100 bilhões.

“Como eles tinham acesso a todo o meu histórico de aplicativos como vendedor e comprador, não havia burocracia. O dinheiro foi depositado instantaneamente”, disse Dias, que tomou emprestado um total de US$ 30.000 para construir o negócio do casal em São Paulo.

“Posso pedir crédito com um clique”, disse Dias, explicando que a primeira parcela de US$ 11.000 do empréstimo aumentou as vendas em 40% em seis meses.

O MercadoLibre, que ultrapassou a gigante estatal brasileira de energia Petrobras este ano como a empresa mais valiosa da América Latina, está encontrando novas maneiras de atender Dias e outros em seu “ecossistema” online para prender compradores e vendedores. Suas novas ofertas, que vão de crédito a filmes, ajudaram a impulsionar sua rápida expansão.

A empresa está aumentando as receitas de publicidade digital para US$ 1 bilhão este ano com parcerias de conteúdo com empresas como a Disney. Ela adicionou centros de distribuição para dar suporte aos vendedores e está usando inteligência artificial para impulsionar seus negócios de empréstimos e otimizar custos administrativos.

“Acreditamos que temos uma tremenda vantagem competitiva pelo fato de termos um ecossistema”, disse o CEO da empresa, Marcos Galperin, à Reuters em uma entrevista em Buenos Aires, acrescentando que os negócios de financiamento e comércio se estimulavam mutuamente.

“Quando você tem mais financiamento, o comércio eletrônico cresce. E vice-versa.”

O MercadoLibre é o player de comércio eletrônico dominante na América Latina, resistindo a investidas agressivas da Amazon e de outros. Mas em fintech, ele ainda fica atrás de rivais de finanças digitais puras, como o Nubank do Brasil ou o Uala da Argentina. Ele quer replicar o sucesso de crossover do mercado online chinês Alibaba (NYSE:BABA), cuja carteira Alipay está entre os principais players da segunda maior economia do mundo.

Galperin disse que o crescimento do negócio de fintech foi forte, considerando a dura competição regional. As receitas de fintech aumentaram quase um terço no último ano, mostraram dados do segundo trimestre, embora tenham diminuído ligeiramente como uma porcentagem das vendas gerais. Sua unidade de crédito cresceu a uma taxa mais rápida, perto de 50%.

Galperin disse que o MercadoLibre queria ser uma opção importante para os latino-americanos, à medida que eles rapidamente se afastam do dinheiro como forma tradicional de pagamento e poupança.

“Basicamente, a ideia é dar a cada usuário um banqueiro privado próprio”, disse ele. Ele minimizou as preocupações que alguns analistas expressaram sobre empréstimos inadimplentes, dizendo que a abundância de dados que a empresa tinha sobre seus usuários reduzia esse risco.

“Usamos inteligência artificial, usamos aprendizado de máquina, temos muitas informações entre o MercadoLibre e o Mercado Pago que podemos usar… Temos tantas informações sobre essas pessoas que nos sentimos muito confortáveis ​​em fornecer empréstimos a elas.”