O peso do mercado negro da Argentina caiu quase 8% em relação ao dólar na segunda-feira, depois que um alto funcionário sinalizou o retorno da chamada taxa de turismo sobre gastos em dólares, uma medida para ajudar a sustentar o peso local e encher os cofres estatais drenados.
O peso caiu 7,93%, para 72,50 por dólar, no mercado informal, disseram traders, afastando-o em cerca de 20% da taxa spot oficial, que foi mantida estável pelos rígidos controles de capital impostos em setembro. A medida, juntamente com os impostos mais altos sobre exportação de produtos agrícolas, ressalta as mudanças políticas sob a nova administração do peronista de centro-esquerda Alberto Fernandez, que assumiu o cargo na semana passada depois de derrotar o conservador Mauricio Macri.
O novo chefe de gabinete da Argentina, Santiago Cafiero, disse no fim de semana que um projeto de lei seria enviado ao Congresso para aumentar os impostos sobre bens e serviços adquiridos em dólares americanos. Ele disse na rádio local que isso pode chegar a 30%, alterando comentários anteriores de que seria em torno de 20%. A taxa de turismo, que será aplicada a todas as despesas incorridas com cartão de crédito no exterior, está incentivando os argentinos a estocarem dólares, já escassos devido aos rígidos limites impostos às compras oficiais de dólares.
"As pessoas que podem comprar (dólares) estão comprando agora para gastar mais tarde", disse um trader argentino.
A medida visa estabilizar o peso, provocando saídas da moeda que perdeu mais de 80% de seu valor nos últimos quatro anos sob o ex-presidente Macri. O peso fraco, por sua vez, provocou altos níveis de inflação.Não está claro quando o novo imposto, que pode afetar os argentinos que viajam para o exterior e os que compram serviços no exterior, entrará em vigor, embora se espere que o Congresso realize uma série de sessões extraordinárias para debater planos para revitalizar a economia este mês.
A Argentina, em recessão por grande parte do último período do governo Macri, precisa revitalizar o crescimento para atender a uma pilha crescente de pagamentos de dívidas, inclusive para o Fundo Monetário Internacional, a fim de evitar um calote prejudicial.