Ultrapar lidera negociação para refinaria da Petrobras Refap

O grupo brasileiro Ultrapar Participações SA ofereceu o preço mais alto pela refinaria da Petrobras Refap e está conduzindo negociações para adquirir a unidade no estado do Rio Grande do Sul, disseram três pessoas próximas ao assunto.

O Brasil está tentando vender oito refinarias, o que acabaria com o monopólio virtual da Petrobras no setor de refino do país e abriria um dos maiores mercados de combustível do mundo para investidores privados. A Petrobras está atualmente negociando cinco deles com os maiores licitantes.

A Petróleo Brasileiro SA, como é conhecida a estatal estatal, está tentando fazer com que a Ultrapar aumente sua oferta antes de concordar com negociações exclusivas, disseram três pessoas. Ofertas abaixo da faixa de preço inicial da Petrobras fizeram com que a empresa perdesse seu prazo interno para assinar um acordo até o final de 2020.

Petrobras e Ultra não quiseram comentar.

A Raízen, uma joint venture entre a Royal Dutch Shell PLC e a produtora brasileira de etanol Cosan SA, também fez uma oferta pela Refap, disseram duas pessoas. Uma segunda rodada de ofertas não foi descartada, disseram as pessoas.

A Raízen não quis comentar.

O conglomerado indiano Essar Group, que havia se pré-qualificado para a fase de encadernação, saiu da competição, disseram as pessoas.

Ultrapar e Raízen também licitaram a refinaria Repar, que abastece os estados relativamente ricos do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso. A Petrobras hesitou em designar um licitante vencedor porque considera os preços muito baixos, disseram três pessoas.

Refap e Repar estão localizadas na região sul do Brasil e têm uma capacidade de produção de 200.000 barris por dia cada, ou cerca de 18% da capacidade do país.

As regras antitruste impediriam a Petrobras de vender as unidades para a mesma empresa.

Em outro lugar, a Petrobras está em negociações exclusivas com a investidora de Abu Dhabi, Mubadala Investment Co, para vender sua unidade RLAM na Bahia. Essas negociações, em um estágio mais avançado, podem fechar um acordo ainda este mês, disseram duas pessoas.

A produtora também está negociando a venda de suas unidades de refino REMAN, LUBNOR e SIX, disse uma das pessoas. Nenhuma exclusividade foi definida, o que permite novas concessões, disse a pessoa.

PLANOS DE DESVIO

A Petrobras vem tentando vender refinarias há quase uma década sem sucesso, enfrentando resistência de políticos, sindicalistas e empreiteiros locais. Uma história de intervenção governamental nos preços dos combustíveis também assustou os investidores no passado.

O presidente-executivo Roberto Castello Branco, que assumiu o cargo em janeiro de 2019 nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, relançou o processo como parte de um plano de foco na exploração em águas profundas e redução da dívida.

Em dezembro de 2019, a Petrobras assinou um acordo com o órgão antitruste Cade para privatizar oito refinarias, ou cerca de metade da capacidade de produção de combustível do Brasil, até dezembro de 2021. A Petrobras disse aos compradores em potencial que não é obrigada a vender as usinas se as ofertas caírem abaixo do nível interno faixa de preço.

Uma diminuição na demanda de combustível acelerada pela pandemia Covid-19 é uma das principais razões por trás da diferença de preços entre a Petrobras e os compradores potenciais, disseram três pessoas.

As vendas também permitirão à Petrobras arrecadar dinheiro novo e reduzir dívidas.