A mineradora brasileira Vale busca mais sistemas de baterias em suas operações

A gigante da mineração Vale está pensando em expandir o uso de baterias industriais para abastecer portos e locais de mineração, disse a diretora de Energia e Descarbonização da empresa, Ludmila Nascimento, em um movimento que impulsionaria uma indústria ainda em estágio inicial no Brasil.

Desde o ano passado a empresa utiliza um sistema de baterias instalado no porto do Terminal Ilha Guaíba (TIG), no estado do Rio de Janeiro, como medida de redução de custos.

“Podemos replicá-la para outras operações da Vale, não apenas nos portos”, disse Nascimento à Reuters na sexta-feira, acrescentando que a empresa poderia eventualmente usar essa tecnologia em locais de mineração.

Embora o projeto TIG tenha demorado cerca de quatro anos, o sistema poderia ser replicado para outros três portos onde a empresa opera mais rapidamente, disse Nascimento.

Ela disse que, uma vez adquiridas as baterias, instalá-las no porto pode ser feita em questão de meses.

Na TIG, a Vale utiliza baterias com capacidade combinada de 10 megawatts-hora para armazenar energia durante o dia e utilizá-la nos horários de pico de demanda, quando a energia é mais cara.

Outros portos usariam baterias com capacidade igual ou um pouco maior, disse Nascimento.

O facto de a Vale, uma das maiores empresas do Brasil ter utilizado o sistema durante sete meses sem falhas, pode dissipar os receios no país de que a tecnologia não seja fiável, disse o presidente-executivo Sergio Jacobsen, da Micropower Energy, que a forneceu.

O sistema levou a um corte de 40% no que a TIG paga pela distribuição de energia, disse a Vale em comunicado, o que representará cerca de 3 milhões de reais (US$ 605 mil) em economia por ano. O investimento inicial, não divulgado pela Vale, foi feito pela Micropower Energy, que será reembolsado com o dinheiro da economia de energia.

O negócio de baterias em grande escala no Brasil ainda está em seus estágios iniciais, mas em outros países a tecnologia é mais amplamente utilizada, disse Jacobsen.

O sistema de armazenamento da TIG é o segundo maior do Brasil, disse Jacobsen, sendo o primeiro de 60 MWh inaugurado pela distribuidora de energia Isa Cteep no ano passado.

À medida que o Brasil se torna mais dependente da energia eólica e solar, precisará armazenar energia que, de outra forma, seria desperdiçada durante os horários em que a oferta supera a demanda, disse ele.