A proposta do Brasil de tributar os super-ricos ganha impulso em meio ao G20, próximos passos em julho

A proposta do Brasil de tributar os super-ricos globalmente ganhou impulso entre os membros do Grupo dos Vinte na quarta-feira, com o ministro das Finanças da França e o chefe do Fundo Monetário Internacional apoiando um esforço coordenado para gerar novas receitas e construir um futuro comum melhor.

O ministro das Finanças do Brasil, Fernando Haddad, disse que o Brasil, atual presidente do Grupo dos Vinte (G20), tem como objetivo construir um consenso internacional sobre a tributação da riqueza este ano e pressionará por uma declaração conjunta em uma reunião dos ministros das finanças e banqueiros centrais do G20. em julho.

“A declaração do G20 que vamos propor visa apoiar politicamente estas iniciativas”, disse num evento durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, sublinhando a importância de ganhar o apoio das maiores economias.

Seu homólogo francês, Bruno le Maire, que já havia manifestado apoio à proposta brasileira, disse no evento que passar a tributar os ricos era o próximo passo lógico para uma série de reformas tributárias globais lançadas em 2017, incluindo um acordo sobre um imposto mínimo corporativo global . Ele disse que o G20 deveria ter como objetivo chegar a um acordo sobre a tributação dos ricos até 2027.

Le Maire disse que qualquer proposta deve basear-se nas melhores práticas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico para garantir a confiança no sistema em evolução.

A chefe do FMI, Kristalina Georgieva, disse que colmatar as brechas fiscais e garantir que os mais ricos paguem a sua parte justa mobilizaria fundos urgentemente necessários para um crescimento sustentável e inclusivo.

Ela disse que a pesquisa do FMI mostrou que acabar com a evasão fiscal por parte das empresas poderia gerar receitas adicionais de 200 mil milhões de dólares por ano, enquanto a implementação de um imposto corporativo mínimo global resultaria em mais 150 mil milhões de dólares. O FMI também estimou que a definição de um piso mínimo para a precificação do carbono poderia aumentar as receitas em 1,4 biliões de dólares por ano, disse ela.