Apelo de Lula à unidade sul-americana enfrenta opiniões opostas sobre a Venezuela

Visões divergentes sobre a Venezuela surgiram durante uma cúpula de líderes sul-americanos na terça-feira organizada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de seus esforços para unir o desenvolvimento da região e dar-lhe uma voz mais forte internacionalmente.

Lula pediu aos 12 países da América do Sul que superem as diferenças ideológicas que dividem a região e unam esforços para uma maior integração econômica, cultural e social.

Mas seu primeiro encontro continental em quase uma década trouxe à tona opiniões opostas quando os presidentes do Chile, um esquerdista, e do Uruguai, um conservador, criticaram a aceitação de Lula do venezuelano Nicolás Maduro como um líder eleito democraticamente.

Lula, que busca restaurar a liderança do Brasil nas relações exteriores, rejeitou as críticas. Os Estados Unidos, países ocidentais e outros críticos consideram o governo da Venezuela “autoritário” e impuseram sanções na tentativa de pressionar o país a realizar novas eleições.

“Sempre defendi a ideia de que cada país é soberano para decidir seu regime político e seus assuntos internos”, disse ele em entrevista coletiva após o encontro.

Lula se encontrou com Maduro na segunda-feira, na primeira visita do presidente venezuelano ao Brasil em oito anos, momento em que os países restabeleceram relações diplomáticas em meio à conferência que reuniu chefes de estado de vários países sul-americanos.

Ele disse a repórteres que há um preconceito “muito grande” contra o país e que a imagem de uma Venezuela “antidemocrática” é uma “narrativa” promovida pelos países ocidentais impondo duras sanções que agravam a crise humanitária e econômica do país.

Na terça-feira, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, contestou diretamente os comentários de Lula.

“Fiquei surpreso quando você diz que o que aconteceu na Venezuela é uma narrativa. Você já sabe o que pensamos sobre a Venezuela e sobre o governo venezuelano”, disse ele na reunião de presidentes em comentários compartilhados via Instagram ao vivo.

Lacalle Pou disse que grande parte do mundo está “tentando mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, que eles tenham direitos humanos, que não haja presos políticos. A pior coisa que podemos fazer é bloquear o sol”.

O presidente chileno, Gabriel Boric, disse posteriormente a jornalistas fora da cúpula que discordava das declarações de Lula.