Autoridades brasileiras reprimem o comércio ilegal de pesticidas

Uma agência encarregada de patrulhar estradas federais no Brasil relatou um aumento nos volumes de pesticidas ilegais apreendidos de criminosos nos últimos oito anos, incluindo um recorde de 358 toneladas métricas apreendidas em 2022, quando o país colheu perto de 300 milhões de toneladas de grãos.

Segundo informações enviadas à Reuters pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), o herbicida Paraqua t, proibido em 2021, e os inseticidas Tiametoxame e Benzoato de Emamectina estão entre os produtos químicos mais apreendidos pelas autoridades.

O comércio paralelo de pesticidas, que representaria cerca de 20% de todo o mercado brasileiro, de acordo com um grupo de lobby, destaca os riscos da cadeia de abastecimento enfrentados pelos comerciantes globais de grãos na potência agrícola do Brasil.

Os criminosos contrabandeiam, roubam e adulteram produtos, dizem as agências de fiscalização. E como os pesticidas adulterados são produzidos a partir de insecticidas, herbicidas e fungicidas “de menor valor comercial”, a sua aplicação pode prejudicar as culturas, afirma a PRF.

Cada vez mais, os criminosos utilizam estruturas que envolvem empresas de fachada que elaboram faturas falsas, produzem etiquetas falsas, contrabandeiam e movimentam produtos ilegais.

O mercado paralelo também representa um susto para a saúde humana.

Por exemplo, as autoridades testaram lotes do inseticida tiametoxame apreendido que apresentavam concentração de 95% do princípio ativo, enquanto a maior concentração permitida no Brasil é de 50%, disse a PRF.

O único inseticida Benzoato de Emamectina aprovado no Brasil, utilizado no controle de larvas e lagartas, tem concentração de 50 gramas por quilo do princípio ativo em sua composição. Mas o mesmo produto contrabandeado pode ter concentrações que variam de 100 a 300 gramas por quilograma, mostraram os dados dos testes da PRF.

O Brasil importa produtos químicos usados para proteger as plantações de nações, incluindo China e Índia, representando cerca de 20% do uso global de pesticidas.

O país é um mercado-chave para empresas como Syngenta, Basf e Bayer (OTC:BAYRY).

No ano passado, a indústria acolheu com satisfação uma nova lei que estabelece penas mais severas para quem produz, armazena ou transporta pesticidas ilegais no Brasil.

A nova lei foi assinada no momento em que as apreensões de agrotóxicos ilegais triplicaram em oito anos, para 195,7 toneladas em 2023, segundo dados da PRF.