A companhia aérea brasileira Azul se aproximou de fechar um novo acordo com os arrendadores, disseram três pessoas familiarizadas com as negociações, já que a empresa lhes oferece capital para pagar cerca de US$ 600 milhões em dívidas.
As ações da transportadora caíram mais de 40% desde agosto, com relatos da mídia de que a Azul estava considerando entrar com pedido de proteção contra falência do Capítulo 11, enquanto luta com sua carga de dívida. A empresa disse que está focada em negociações diretas com os credores.
“Há um ímpeto crescendo em direção a uma conclusão bem-sucedida da reestruturação extrajudicial”, disse uma das fontes, acrescentando que a Azul e os arrendadores se encontraram em Nova York nas últimas semanas.
A Azul se recusou a comentar as negociações.
A transportadora disse à Reuters no mês passado que a Azul não estava considerando o Capítulo 11 e ofereceria aos arrendadores uma participação acionária para liquidar obrigações que estavam programadas para pagamento ao longo de três anos.
A companhia aérea brasileira conseguiu evitar o Capítulo 11, mesmo com várias transportadoras latino-americanas entrando com pedido de falência após a pandemia de COVID-19, incluindo Aeromexico, Avianca, LATAM e, mais recentemente, a rival local Gol.
As fontes, que pediram anonimato para discutir conversas confidenciais, disseram que a maioria dos arrendadores da Azul já sinalizou que concordaria com o plano em questão. Duas das pessoas disseram que um acordo poderia ser assinado em algumas semanas.
Sob a estrutura atual, disse uma das fontes, os arrendadores obteriam uma participação acionária de cerca de 20% da Azul.
“Não é 100% o que a Azul gostaria, nem 100% o que os arrendadores gostariam, mas pode ser uma boa maneira de aliviar esse fardo”, disse uma das pessoas.
A Azul fechou um acordo com locadores e fabricantes de equipamentos em 2023 para dar a eles até US$ 570 milhões em ações preferenciais avaliadas em 36 reais (US$ 6,46) cada, parte de uma reestruturação mais ampla que também atrasou os vencimentos da dívida e levantou capital adicional.
As ações da Azul caíram mais de 70% até agora neste ano e agora são negociadas a cerca de 4 reais, já que a empresa tem lutado com uma taxa de câmbio mais fraca e inundações desastrosas no mercado-chave de Porto Alegre, desencadeando a necessidade de outra reestruturação.
O novo acordo com locadores também abriria a porta para levantar novos fundos de detentores de títulos, disseram as fontes.
A empresa havia dito anteriormente que poderia usar sua unidade de carga Azul Cargo como garantia de até US$ 800 milhões. A Azul provavelmente teria como objetivo levantar de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões em uma nova transação, disse uma das fontes.
A Azul também está em negociações com a controladora da Gol, Abra Group, para “explorar oportunidades”, em meio a especulações sobre uma possível fusão. As duas transportadoras anunciaram um acordo de codeshare em maio.