A companhia aérea brasileira Azul reduziu na terça-feira sua previsão de lucro básico para este ano devido ao crescimento mais lento da capacidade e à maior volatilidade nos preços do combustível de aviação, mas elevou sua visão para 2024, elevando suas ações negociadas em São Paulo.
A Azul, que também divulgou resultados melhores do que o esperado no terceiro trimestre naquele dia, reduziu sua previsão para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de 2023 para cerca de 5,2 bilhões de reais (US$ 1,06 bilhão), de cerca de 5,5 bilhões.
A empresa disse em um documento de valores mobiliários que a mudança estava relacionada a uma nova projeção de assentos disponíveis por quilômetro (ASK) – uma medida de capacidade – expandindo 11% em 2023, abaixo da previsão anterior de 14%.
As perspectivas de longo prazo, no entanto, foram melhores para a maior companhia aérea do Brasil em número de voos e cidades atendidas, ajudando suas ações a saltarem mais de 6% durante o dia - entre as que mais ganharam no índice de ações Bovespa do Brasil, que subiu 2%.
A Azul disse que agora espera cerca de 6,3 bilhões de reais em EBITDA em 2024, acima da perspectiva anterior de “mais de 6 bilhões”, devido à força contínua da demanda e a um processo acelerado de renovação da frota.
“Continuamos encorajados pelo ambiente da indústria”, disse o CEO John Rodgerson num comunicado, “com uma procura robusta, uma forte dinâmica tarifária e uma adição de capacidade disciplinada, especialmente durante a próxima época alta”.
Analistas do Goldman Sachs liderados por Bruno Amorim, que têm a Azul como o nome preferido entre as companhias aéreas latino-americanas, disseram que a nova orientação estava em grande parte alinhada com suas expectativas.
“A empresa deve manter o poder de fixação de preços, uma vez que toda a indústria permanece racional e focada na reconstrução da rentabilidade”, afirmaram. “Isso deve permitir o repasse dos custos às tarifas e abrir espaço para expansão das margens.”
Nos três meses encerrados em 30 de setembro, a Azul superou as expectativas com um EBITDA recorde no terceiro trimestre de 1,55 bilhão de reais, um aumento de 67,7% em relação ao ano anterior e acima dos 1,34 bilhão previstos por analistas consultados pela LSEG.
A receita líquida, por sua vez, aumentou 12,3%, para um recorde de 4,91 bilhões de reais, um pouco abaixo dos 4,99 bilhões previstos pelos analistas.
O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, disse que os números trimestrais foram positivos, já que a Azul conseguiu repassar os preços e contava com uma queda nos custos do combustível de aviação, mas observou que ainda encara o futuro com cautela.
“Continuamos ‘neutros’ porque fatores exógenos como o câmbio, os preços do combustível de aviação da Petrobras e o atual cenário macroeconômico doméstico podem continuar a pressionar as ações do setor nos próximos meses.”