Banco Central do Brasil alinhado com a preocupação com as expectativas de inflação do mercado

O chefe do banco central do Brasil, Roberto Campos Neto, expressou preocupação na sexta-feira com o fato de os mercados financeiros ainda esperarem uma inflação alta, apesar dos dados mostrarem moderação, uma visão compartilhada por outros funcionários do banco.

Os comentários de vários funcionários do banco sugeriram alinhamento sobre a questão no banco, após uma decisão dividida sobre as taxas no mês passado.

Em evento em São Paulo, Campos Neto disse acreditar que o tempo trabalharia a favor do Banco Central, dissipando o que chamou de “ruídos” que elevaram as expectativas de inflação do mercado.

Autoridades do banco central brasileiro alertaram sobre o aumento das expectativas de inflação no país, apesar dos números de inflação melhores do que o esperado.

Falando em outro evento organizado pela Universidade de Brasília (UnB), o diretor de política monetária Gabriel Galipolo disse que as restrições globais de liquidez em meio a um ambiente de altas taxas de juros nas economias avançadas trouxeram desafios adicionais.

“O que coloca o Brasil em uma situação um pouco mais delicada é que vimos mudanças na taxa terminal, mas continuamos vendo expectativas (de inflação) não ancoradas”, disse.

Economistas privados consultados semanalmente pelo Banco Central elevaram as projeções de fim de ano para a taxa básica de juros Selic para 10,25%.

Também aumentaram as suas projeções de inflação para 3,88% este ano, 3,77% em 2025 e 3,60% em 2026, em comparação com a meta oficial de 3%.

Campos Neto disse que o banco central se absteve de sinalizar quaisquer passos futuros em sua última decisão política de maio para ganhar tempo para entender o cenário internacional e “uma dicotomia tão grande” entre bons números de inflação e piores expectativas de inflação no Brasil.