A Bolívia deverá se tornar membro pleno do bloco comercial sul-americano do Mercosul, após a decisão tomada na terça-feira pelo Senado brasileiro de aprovar a admissão do país.
A votação sobre a adesão da Bolívia ao Mercosul deverá ser formalmente concluída durante uma cúpula regional no dia 7 de dezembro, no Rio de Janeiro.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que ocupa a presidência temporária da aliança comercial que também inclui Argentina, Paraguai e Uruguai, saudou a expansão na quarta-feira em uma postagem nas redes sociais X.
“Obrigado aos senadores por concluírem este processo e parabéns ao presidente Arce e à Bolívia por se juntarem a nós no Mercosul”, disse Lula nas redes sociais.
A adesão plena da Bolívia levou oito anos para ser tomada. As preocupações com a solidez das instituições democráticas do país atrasaram durante muito tempo a sua admissão.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, agradeceu na quarta-feira “os esforços” do líder brasileiro e de seu povo pelo que Arce descreveu como um “marco histórico” para seu país diante dos desafios globais, em uma postagem no X.
Senadores no Brasil destacaram na terça-feira que a entrada da Bolívia impulsionaria a integração regional e estabeleceria novos mercados para as empresas brasileiras, dadas as suas reservas relevantes de gás natural, lítio e outros minerais estratégicos.
A expansão do Mercosul ocorre num momento em que Lula corre para fechar um acordo de livre comércio com a União Europeia até ao final deste ano, apesar dos compromissos ambientais adicionais assumidos pela UE que prolongaram as negociações.
As perspectivas de finalmente concluir o acordo comercial com a UE ganharam força após a eleição do ultraliberal Javier Milei, um crítico ferrenho do Mercosul, como presidente da Argentina. Milei assume o cargo em 10 de dezembro.
Os críticos alertam que o fraco registo de desflorestação da Bolívia poderá prejudicar futuras negociações entre a UE e o Mercosul. A Bolívia foi um dos piores infratores no desmatamento de florestas primárias no ano passado, atrás apenas do Brasil e da República Democrática do Congo, de acordo com a Global Forest Watch, que monitora as taxas de desmatamento.