O banco central do Brasil manteve as taxas de juros inalteradas na quarta-feira em uma segunda reunião de política consecutiva, como esperado, sinalizando a necessidade de “mais vigilância” na política monetária devido à piora das expectativas de inflação e às recentes oscilações do mercado.
O comitê de definição de taxas do banco, conhecido como Copom, manteve a taxa básica de juros Selic em 10,50% em uma decisão unânime, em linha com as previsões de todos os 40 economistas pesquisados pela Reuters.
A inflação superou as expectativas e a moeda brasileira se desvalorizou quase 4% desde a última reunião de política do banco em meados de junho, flertando com as mínimas de mais de dois anos em meio às preocupações dos investidores sobre a disciplina fiscal.
“O Comitê julga que os ambientes doméstico e internacional exigem ainda mais cautela na condução da política monetária”, escreveram os formuladores de políticas em sua declaração de política.
“Em particular, os impactos inflacionários dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, se persistentes, corroboram a necessidade de mais vigilância”, acrescentaram.
Analistas do Citi disseram que ainda esperam que a taxa Selic seja mantida em 10,50% nas próximas reuniões, apesar dos riscos crescentes na perspectiva de inflação.
“A deterioração inquestionável na perspectiva de inflação levou o Copom a intensificar o tom agressivo, embora ainda não indique um aumento iminente na taxa de juros”, escreveram analistas do Citi em um relatório.
As projeções de inflação para este ano subiram para 4,10% na última pesquisa do banco central, mais de um ponto percentual acima do centro de 3,0% da meta oficial de política.
A inflação de serviços rígida também elevou os preços ao consumidor mais do que o previsto no mês até meados de julho, elevando os custos de combustível e passagens aéreas.