O governo do Brasil manteve a sua projeção de crescimento económico para este ano em 2,5%, dizendo que as medidas de apoio às famílias, empresas e governos regionais compensariam os impactos negativos das inundações sem precedentes no seu estado mais meridional.
Numa revisão dos indicadores macroeconómicos divulgada na quinta-feira, o secretariado de política económica do Ministério das Finanças também elevou a estimativa de inflação para 2024 para 3,9%, face aos 3,7% de Maio, afastando-se ainda mais da meta oficial de 3%.
A mudança reflete um real brasileiro mais fraco, disse o governo, citando também os impactos das calamidades no estado do Rio Grande do Sul na inflação e no aumento dos preços dos combustíveis.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse que o mercado cambial brasileiro é aberto e profundo e, portanto, tem sido mais afetado pelas flutuações externas. Desde o início do ano, o real caiu mais de 13% em relação ao dólar norte-americano.
Mello avaliou que desde maio essa desvalorização tem sido mais intensa do que a observada pelos pares emergentes, afetados por ruídos que, segundo ele, deveriam se dissipar em meio aos esforços do governo para reduzir as incertezas e reafirmar seu compromisso fiscal.
Para 2025, o governo reduziu a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) de 2,8% para 2,6% e aumentou a taxa de inflação esperada para 3,3%, dos 3,2% anteriores.
A expansão económica mais lenta no próximo ano será influenciada pelos custos dos empréstimos, uma vez que a taxa de juro se manterá estável em 10,5% ao longo deste ano, de acordo com as expectativas do mercado, disse o secretariado.
Em junho, o banco central interrompeu um ciclo de flexibilização após sete cortes consecutivos na taxa Selic, citando a necessidade de maior cautela face às incertezas globais e às expectativas de inflação divergindo das metas no Brasil, onde a atividade económica tem mostrado resiliência.