O Brasil expressou preocupação na sexta-feira depois que a Venezuela reclamou do envio de um navio de guerra britânico ao largo da costa da Guiana, aumentando as tensões em uma disputa fronteiriça sobre a região rica em petróleo de Esequibo, na ex-colônia britânica.
“O governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer partido devem ser evitadas, para que o processo de diálogo em curso possa produzir resultados”, afirmou o Itamaraty em comunicado. Instou todas as partes a “se conterem” e retomarem as negociações.
A Grã-Bretanha despachou o navio patrulha da Marinha Real HMS Trent para a Guiana, onde deveria chegar na manhã de sexta-feira.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, criticou na quinta-feira a implantação do navio de guerra e disse que violava o “espírito” de um acordo alcançado entre as autoridades venezuelanas e guianenses.
Os vizinhos Venezuela e Guiana concordaram no início deste mês em evitar o uso da força ou o aumento das tensões na sua longa disputa fronteiriça sobre o território de Esequibo.
A região de 160.000 quilómetros quadrados (62.000 milhas quadradas) é geralmente reconhecida como parte da Guiana, mas nos últimos anos a Venezuela reavivou a sua reivindicação ao território e às áreas offshore após grandes descobertas de petróleo e gás.
Diplomatas ocidentais instaram o governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que manteve relações amistosas com Maduro, a aliviar as tensões na disputa fronteiriça da Guiana.
O Brasil disse na sexta-feira que a “Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz”, assinada pela Guiana e pela Venezuela em 14 de dezembro, foi “um marco nos esforços para abordar pacificamente a questão”.
“Os dois países também concordaram em cooperar para evitar incidentes no terreno e medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação”, afirmou o comunicado do Brasil.
O Ministério da Defesa do Reino Unido disse este mês que o HMS Trent visitaria a Guiana como parte de uma série de compromissos na região, sem se referir à Venezuela ou à disputa fronteiriça.