O governo brasileiro está considerando calcular a taxa de crescimento potencial do país, além do PIB oficial, para mostrar que há espaço para a economia se expandir de forma robusta sem alimentar a inflação, de acordo com a ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Falando à margem das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial na quarta-feira, Tebet disse à Reuters que as taxas de juros do Brasil não devem ser aumentadas apenas com a suposição de que a economia atingiu um ponto em que o crescimento impulsiona a inflação.
Isso é especialmente verdadeiro, disse ela, porque as previsões dos economistas para a atividade têm sido consistentemente erradas nos últimos três anos.
“Nosso ministério e (o think tank) IPEA buscarão parcerias, inclusive com o BNDES, que expressou disposição em participar, para determinar oficialmente o PIB potencial do Brasil. Se o FMI está falando de 2,5%, talvez seja 2,8%”, disse ela.
Estimar o potencial de crescimento da economia brasileira permitiria discussões mais equilibradas sobre as taxas de juros, respeitando a autonomia do banco central, disse Tebet.
O banco central do Brasil tem estado em desacordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as altas taxas de juros do país, que ele diz que atrapalham o crescimento e a criação de empregos.
O banco central enfatizou recentemente que o crescimento mais forte do que o esperado era uma preocupação quando começou um ciclo de aperto no mês passado, aumentando as taxas de juros em 25 pontos-base para 10,75%.
Na terça-feira, o FMI elevou a previsão para o crescimento econômico do Brasil para este ano de 2,1% para 3,0% em seu World Economic Outlook, a maior revisão para cima entre as principais economias este ano.