Chefe do Banco Central do Brasil diz que desafios de autonomia do banco foram superados

O chefe do banco central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse na segunda-feira que o banco superou com sucesso alguns desafios à sua autonomia impostos pela nova administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do que ele chamou de alguns “ruídos” no ano passado.

Falando num evento institucional, disse que o banco central conseguiu manter as decisões baseadas em orientações técnicas ao longo deste novo governo em que, pela primeira vez, o novo poder executivo teve de coexistir com um chefe do banco central escolhido pela administração anterior.

“Obviamente houve ruídos do primeiro grande teste de autonomia, mas acho que foram superados”, disse Campos Neto.

Lula, um esquerdista, tomou posse em Janeiro num contexto de cepticismo em relação à política monetária e às metas de inflação, que considerou excessivamente baixas e prejudiciais ao crescimento económico.

No entanto, o seu governo manteve em junho a meta de inflação em 3% para 2024 e além, posição defendida pelo banco central.

Os decisores políticos iniciaram um ciclo de flexibilização em Agosto, depois de manterem as taxas de juro inalteradas durante quase um ano. Até agora, os custos dos empréstimos caíram 150 pontos base, para 12,25%.

Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro de 2024, disse estar frustrado com a incapacidade do banco central de melhorar as condições de trabalho dos funcionários. Ele reconheceu a insatisfação entre os funcionários do banco central em relação a remunerações e benefícios.

Mencionou ainda que o banco central tem uma agenda de médio prazo que envolve a autonomia financeira e administrativa da instituição.

O senador Vanderlan Cardoso propôs em Novembro uma alteração constitucional neste sentido, argumentando que permitir a utilização da senhoriagem - geralmente definida como um lucro obtido com a impressão de dinheiro - como fonte de financiamento para as actividades do banco é consistente com as práticas de muitos bancos centrais em todo o mundo.