A economia do Brasil está passando por um pouso suave à medida que os consumidores apertam seus cordões à bolsa para lidar com o alto endividamento nas compras pós-pandemia e o aumento dos custos financeiros, mostrou uma pesquisa da Reuters com economistas.
A atividade econômica recebeu um impulso este ano com as medidas extras de gastos públicos do presidente Jair Bolsonaro, destinadas a melhorar suas chances de reeleição antes de um segundo turno, em 30 de outubro, que decidirá quem ganha o cargo mais alto.
No entanto, os brasileiros agora estão pisando no freio diante do aumento das taxas de juros sobre pilhas de dívidas pessoais pendentes, um efeito colateral da postura dura da política anti-inflação do banco central.
O Produto Interno Bruto deve aumentar apenas 0,8% no próximo ano em comparação com 2,7% em 2022, de acordo com estimativas medianas em uma amostra de 39 economistas consultados de 4 a 13 de outubro. Em julho, analistas previam crescimento de 0,8% em 2023 e de 1,4% neste ano.
“Como a política monetária é mantida apertada, vemos consumo e investimento mais restritos, combinados com demanda externa mais fraca, especialmente em 2023”, disse Lucas Costa, economista para América Latina da Continuum.
Bolsonaro lançou um perdão de dívida para consumidores que esbanjaram quando a atividade se normalizou após a pandemia de coronavírus. Seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também propôs o perdão da dívida.
Cerca de 68 milhões de brasileiros foram colocados na lista negra por agências de pontuação de crédito em agosto devido a dívidas em atraso. O banco estadual Caixa Econômica Federal espera reestruturar cerca de 1 bilhão de reais (US$ 190 milhões) em créditos vencidos.
Com as perspectivas de gastos de capital e comércio exterior também sob um ponto de interrogação em meio a condições internacionais desafiadoras, os investidores esperam que o próximo governo renove a promessa de contenção fiscal do Brasil que Bolsonaro violou antes da votação.