Incêndios florestais recordes atingiram a Venezuela durante a seca na Amazônia causada pelo clima

A Venezuela está lutando contra um número recorde de incêndios florestais, de acordo com dados divulgados na segunda-feira, enquanto uma seca causada pelas mudanças climáticas assola a região da floresta tropical da Amazônia (NASDAQ:AMZN).

Os satélites registraram mais de 30.200 focos de incêndio na Venezuela de janeiro a março, o nível mais alto para esse período desde que os registros começaram em 1999, de acordo com a agência de pesquisa brasileira Inpe, que monitora toda a América do Sul.

Isso inclui incêndios na Amazônia, bem como em outras florestas e pastagens do país.

Os incêndios provocados pelo homem, que muitas vezes têm como objetivo limpar terras para a agricultura, estão a espalhar-se descontroladamente graças às altas temperaturas e à baixa pluviosidade no norte da América do Sul, bem como à falta de planeamento de prevenção, dizem os investigadores. Os cientistas atribuem a seca às alterações climáticas e ao El Niño, um aquecimento natural no leste do Pacífico que perturba os padrões climáticos globais.

Embora a estação chuvosa tenha trazido alívio nos últimos meses mais ao sul da Amazônia brasileira, os incêndios na Venezuela podem ser um sinal preocupante do que está por vir quando a estação seca chegar lá, disse Manoela Machado, pesquisadora de incêndios na Universidade de Oxford.

“Tudo indica que veremos outros eventos de incêndios catastróficos – megaincêndios enormes em tamanho e altura”, disse Machado.

Os incêndios mais intensos da região ocorrem normalmente no Brasil em agosto e setembro, ao longo da borda sudeste da Amazônia, onde o desmatamento para a agricultura é mais agressivo.

Na Venezuela, cerca de 400 bombeiros combateram um grande incêndio durante o fim de semana do feriado da Páscoa que ameaça o exuberante Parque Nacional Henri Pittier, uma reserva à beira-mar com raras florestas nubladas, de acordo com o serviço de parques nacionais.

“Estou chocado, para não dizer alarmado, com este incêndio”, disse Carlos Carruido Perez, que mora nas proximidades. “Nunca tinha visto um incêndio desta magnitude e com tantos danos ao meio ambiente”.

O Ministério do Meio Ambiente da Venezuela disse no mês passado que lançou um esforço coordenado com helicópteros e equipamentos adicionais para combater os incêndios em Henri Pittier.

O ministério disse na semana passada que estava intensificando os esforços de combate a incêndios ao longo de uma rodovia que corta o parque.

Na região amazônica da Venezuela, mais ao sul, havia 5.690 incêndios ativos no final de março, segundo dados da NASA. Isso representa mais da metade de todos os incêndios em toda a Amazônia em nove países.