O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse na sexta-feira que “não fazia sentido” o Departamento de Justiça dos EUA solicitar informações da Saab sobre a compra pelo Brasil dos caças Gripen da empresa sueca em 2014.
A Saab revelou a solicitação dos EUA na quinta-feira e disse que pretendia atender, sem fornecer mais detalhes, fazendo suas ações caírem.
“Acho que isso é os EUA se intrometendo nos assuntos de outro país”, disse Lula em uma entrevista de rádio.
Lula está no meio de seu terceiro mandato não consecutivo, tendo atuado como presidente entre 2003 e 2010.
O acordo com a Saab, que derrotou a fabricante de aviões norte-americana Boeing (NYSE:BA) e a francesa Dassault para garantir o contrato, foi assinado pela sucessora escolhida a dedo por Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff.
Em 2016, promotores brasileiros acusaram formalmente Lula de usar sua influência para ajudar a Saab a vencer a licitação para os 36 caças no valor de US$ 5,4 bilhões. O caso foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil em 2022.
A Saab disse em sua declaração de quinta-feira que as investigações brasileiras e suecas sobre o processo de aquisição foram encerradas sem indicar qualquer irregularidade da empresa.
Lula observou que inicialmente pretendia comprar o caça Rafale da Dassault, mas deixou a decisão para Rousseff, pois ele tinha apenas alguns meses restantes em seu segundo mandato. Ele sugeriu que os Estados Unidos estavam descontentes com a escolha “soberana” do Brasil.
“Eles não gostaram quando eu disse que compraria o Rafale e certamente não gostaram quando Dilma comprou a aeronave sueca, pois queriam que comprássemos o avião dos EUA”, disse o presidente.
O acordo com a Saab permitiu que os Gripens fossem produzidos no Brasil. No ano passado, a Saab e a Embraer lançaram uma linha de produção para o caça na fábrica de Gavião Peixoto da fabricante brasileira de aviões.
NOVO AVIÃO PRESIDENCIAL
Lula também disse que planeja comprar uma nova aeronave presidencial depois que seu jato Airbus A319 de 20 anos enfrentou um problema técnico não revelado neste mês durante um voo da Cidade do México para Brasília.
O avião encontrou problemas após partir da capital mexicana e foi forçado a circular pela área por horas para queimar combustível antes de pousar com segurança no aeroporto de onde tinha acabado de partir.
Lula disse que um dos motores teve problemas e os passageiros sentiram vibrações incomuns.
“Pedi ao meu ministro da defesa para reunir uma proposta. Compraremos um avião presidencial e também algumas outras aeronaves para os ministros viajarem”, disse ele.