Lula pede negociações de 'bom senso' sobre pacto comercial UE-Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu neste sábado à União Europeia e ao Mercosul que deixem de lado a arrogância e negociem com bom senso o tão esperado acordo comercial entre os blocos.

“É importante lembrar que nós precisamos da UE e eles precisam muito de nós. Então é importante deixarmos um pouco de arrogância de lado e tentarmos usar o bom senso para negociarmos. E isso vale para nós e isso vale para eles”, disse Lula a jornalistas em Paris.

O líder esquerdista brasileiro disse que discutiu com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, as diferenças na postura dos dois lados sobre o acordo.

“Acho normal que a França tente defender sua agricultura”, acrescentou Lula.

“Pode ser um ponto de inflexão mais difícil, mas é normal que eles também entendam que o Brasil não pode desistir de compras do governo”, disse ele, referindo-se a uma cláusula indesejada de licitação do acordo que permite que empresas europeias vendam para o setor público brasileiro.

A cláusula foi acertada pelo ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro para acelerar o negócio. Lula, no entanto, manteve uma posição firme em removê-lo desde que assumiu o cargo em janeiro.

Afirmou, no entanto, que “por mais desacordo que haja, é possível que acabemos por chegar a um acordo. Esta é a lei da natureza e é isso que vamos conseguir”.

Suas declarações vêm um dia depois de ele descrever um adendo incluído no acordo pela UE anexando compromissos de mudança climática e introduzindo penalidades para nações que não cumprirem as metas climáticas como uma “ameaça” ao Brasil.

O acordo foi fechado em 2019 após longas negociações, mas foi suspenso em grande parte devido às preocupações europeias com o desmatamento da Amazônia (NASDAQ:AMZN).