Lula se encontra com Blinken depois que comentários sobre Gaza provocam divergências diplomáticas

O principal diplomata dos EUA, Antony Blinken, encontrou-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira, quando o líder brasileiro estava no meio de uma briga diplomática com Israel por causa de comentários nos quais Lula comparou a guerra daquele país em Gaza ao genocídio nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Em breves comentários diante dos repórteres enquanto se reuniam no palácio presidencial de Brasília, Lula observou que as eleições presidenciais dos EUA estão chegando em novembro.

O secretário de Estado Blinken respondeu que a política nos EUA estava “tão polarizada” e que a eleição se resumiria a seis ou sete estados decisivos, incluindo Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e Nevada.

“Há cada vez menos eleitores indecisos”, disse Blinken. “Há uma batalha por um segmento muito tênue do eleitorado”.

Num comunicado após a reunião, que durou quase duas horas, a presidência brasileira afirmou que Lula e Blinken discutiram vários temas que vão desde a cimeira do G20 aos esforços de paz em Gaza e na Ucrânia.

“O presidente Lula reafirmou seu desejo de paz e do fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza”, disse o governo brasileiro. “Ambos concordaram com a necessidade da criação de um Estado Palestino.”

Autoridades dos EUA já haviam dito que esperavam que Lula e Blinken tivessem uma conversa robusta sobre questões de segurança global, incluindo o conflito em Gaza desencadeado por ataques no sul de Israel por militantes do Hamas em 7 de outubro.

Israel disse na segunda-feira que Lula não é bem-vindo em Israel até que retire os comentários.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse na terça-feira que Washington discordava dos comentários de Lula, mas se recusou a prever o que Blinken diria na reunião sobre o assunto.

Os comentários de Lula foram feitos depois de ele ter visitado o Médio Oriente na semana passada e pouco antes de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros no Rio de Janeiro, como parte da presidência do Brasil do grupo de economias avançadas do G20.

Washington, que fornece apoio militar e diplomático a Israel, instou Israel a proteger os civis, mas defendeu o direito de Israel de atacar militantes do Hamas na Faixa de Gaza.

Antes da viagem de Blinken à América do Sul, o secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian Nichols, disse aos repórteres que compartilhar ideias sobre o conflito em Gaza seria “crucial para a conversa” entre Lula e Blinken.