Membros do governo do Uruguai renunciam após investigação sobre escândalo de passaportes

O ministro do Interior do Uruguai e dois outros membros do governo renunciaram no sábado devido a um caso que já levou o ministro das Relações Exteriores a renunciar, envolvendo um passaporte emitido para um suspeito de tráfico de drogas procurado internacionalmente.

O ministro do Interior, Luis Alberto Heber, subsecretário de gabinete e conselheiro-chefe do presidente Luis Lacalle Pou não estará mais no governo de coalizão a partir de segunda-feira, anunciou o presidente na noite de sábado.

A presidência do Uruguai não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a renúncia de Heber.

A investigação está a examinar como Sebastian Marset, o alegado traficante de drogas, recebeu um passaporte uruguaio enquanto estava detido nos Emirados Árabes Unidos por causa de documentos falsos no final de 2012. Ele acabou por ser libertado.

Marset é procurado no Uruguai, Paraguai, Brasil e Estados Unidos por acusações de tráfico de drogas.

O ministro das Relações Exteriores, Francisco Bustillo, renunciou na quarta-feira após a publicação de um telefonema de novembro de 2022 no qual parecia sugerir que seu subsecretário retivesse provas relacionadas à investigação do passaporte.

Bustillo negou na sexta-feira qualquer irregularidade, dizendo que não sabia quem era Marset no momento em que o passaporte foi emitido. “Isso cabe ao Ministério do Interior”, disse ele em entrevista coletiva de duas horas, insistindo que o Ministério das Relações Exteriores agiu corretamente ao emitir o documento.

O presidente, que voltou no sábado de uma reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o passaporte deveria ter sido emitido para Marset de acordo com as leis do Uruguai.

“Gostamos que um traficante de drogas tenha passaporte? Claro que não”, disse Lacalle Pou em entrevista coletiva em seus primeiros comentários públicos sobre o escândalo. “Mas essa é a lei atual.”

Ele disse estar convencido de que autoridades como Heber, Bustillo e o subsecretário “não têm responsabilidade legal” pelo passaporte, mas poderiam se defender em tribunal se um caso fosse aberto.