Mudança de metas de inflação no Brasil não deve afetar política monetária, diz Guillen

As mudanças no sistema brasileiro de metas de inflação não devem estar vinculadas à forma como a política monetária é conduzida, disse o diretor de política econômica do banco central na segunda-feira, em meio a especulações de uma mudança iminente nos cronogramas das metas de inflação.

O Brasil tem metas de inflação anuais e, se elas não forem cumpridas em um determinado ano civil, o chefe do banco central deve emitir uma carta pública explicando os motivos do descumprimento.

Falando em evento promovido pelo Bradesco BBI, Diogo Guillen disse que aprovava essa prática por levar à “responsabilidade”.

No entanto, ele observou que o horizonte de convergência da inflação já se baseia em um período de 18 meses e não em um ano civil, o que é enfatizado nas comunicações do banco central.

Ele também elogiou a eficácia do atual sistema de metas de inflação do Brasil, enfatizando que qualquer percepção de interferência no quadro desencadeada por “como a política monetária deve ser percebida” poderia prejudicar tanto o próprio quadro quanto a credibilidade da política monetária do país.

“Qualquer discussão sobre o quadro não deve ser correlacionada com a forma de conduzir a política monetária”, acrescentou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia expressado apoio a uma “meta de inflação contínua” em vez de uma meta baseada no ano-calendário. Ao mesmo tempo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu metas de inflação mais altas e uma política monetária menos restritiva, já que o banco central mantém sua taxa básica de juros no nível mais alto do ciclo de 13,75%.

Atualmente, o banco central tem como meta a inflação de 3,25% para 2023 e 3% para 2024 e 2025, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para ambos os lados. Guillen disse que embora as expectativas de inflação para este ano tenham caído na margem, elas permanecem acima da meta para o ano que vem.

O Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e do Banco Central, deve se reunir em junho para discutir as metas de inflação.