O mercado de trabalho do Brasil está postando números de sucesso antes da decisão da taxa do banco central na próxima semana, em meio a apostas de que o comitê de definição de taxas do país precisará acelerar o aperto monetário devido aos riscos inflacionários.
A taxa de desemprego do Brasil caiu para 6,4% nos três meses até setembro, informou a agência de estatísticas IBGE na quinta-feira, abaixo das expectativas do mercado e marcando o segundo menor nível de desemprego já registrado.
A taxa de desemprego caiu de 6,9% no período de abril a junho e de 7,7% um ano antes, de acordo com o IBGE. Economistas pesquisados pela Reuters projetaram uma taxa de desemprego de 6,5%.
Isso ocorre depois que dados divulgados na quarta-feira mostraram que a maior economia da América Latina criou 247.818 empregos formais líquidos em setembro, o maior número desde fevereiro e acima das estimativas dos analistas de 227.600 líquidos.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda Fernando Haddad comemoraram os números do desemprego na quinta-feira em postagens separadas no X.
Mas o fato de a taxa de desemprego do Brasil estar pairando em torno de níveis historicamente baixos, e que a criação de empregos continua surpreendendo para cima, está alimentando os temores do mercado de que o mercado de trabalho apertado pode desencadear pressões inflacionárias.
“Essa melhora ocorre em um ambiente macroeconômico delicado, onde a inflação e o custo do crédito podem exigir uma resposta mais intensa do banco central em ajustes na taxa de juros”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Laatus Group.
“Especialmente se o aumento do número de trabalhadores pressionar o consumo e dificultar o controle da inflação.”
No mês passado, o banco central aumentou sua taxa de juros pela primeira vez em mais de dois anos, entregando um aumento de 25 pontos-base para 10,75%.
Os participantes do mercado precificaram totalmente uma aceleração no aperto monetário, com 96% de chance de um aumento de 50 pontos-base na reunião do comitê de definição de taxas do banco central em 6 de novembro.
A probabilidade restante de 4% é de um aumento ainda maior de 75 pontos-base.
O número de desempregados no Brasil foi de 7,0 milhões no período de julho a setembro, queda de 7,2% no trimestre. Os cidadãos empregados totalizaram 103 milhões, alta de 1,2% em uma base sequencial e o maior já registrado para a série de dados, disse o IBGE.
Os salários reais médios estavam em 3.227 reais (US$ 559) por mês no período, acrescentou a agência de estatísticas.