Petrobras visa expansão global enquanto as esperanças do Brasil diminuem

A Petrobras do Brasil pode olhar para o exterior em busca de crescimento futuro, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento dos planos da empresa estatal, depois que os reguladores ambientais frustraram suas esperanças de explorar perto do rio Amazonas (NASDAQ:AMZN), onde pretendia fazer sua primeira grande operação doméstica descoberta de petróleo em mais de uma década.

A Petróleo Brasileiro, como a empresa é formalmente conhecida, passou anos reduzindo sua presença internacional para se concentrar em ativos em águas profundas nas alardeadas áreas do pré-sal do Brasil, de modo que seu impulso de explorar oportunidades estrangeiras é uma reviravolta.

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante seu último mandato em 2008, comparou as primeiras grandes descobertas de petróleo do pré-sal longe da costa do Brasil a um bilhete de loteria premiado. Mas os direitos de exploração leiloados em áreas ao largo da costa sudeste na última década não corresponderam ao hype.

 A Petrobras está lutando para repor as reservas domésticas comprovadas de 8,9 bilhões de barris e cada vez mais dependente dos estoques de petróleo do pré-sal, que podem atingir o pico até o final desta década.

O Escritório de Pesquisa Energética do governo prevê que a atual produção brasileira de 3,1 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) começará a cair após atingir um pico de 5,4 milhões de bpd em 2029.

A principal aposta da Petrobras na reposição de suas reservas vinha sendo a Margem Equatorial, cerca de 2.200 km de ativos em águas profundas e ultraprofundas ao longo da costa norte e nordeste do Brasil. Acredita-se que a mancha mais promissora esteja na Foz do Amazonas, onde o maior rio do mundo encontra o Oceano Atlântico. A Exxon Mobil (NYSE:XOM) fez grandes novas descobertas não muito longe da vizinha Guiana.

 A agência brasileira de proteção ambiental Ibama rejeitou no mês passado um pedido da Petrobras para perfurar um poço em águas profundas na região, citando potenciais riscos ambientais.

As duas fontes disseram que a Petrobras não estava preparada para a decisão do Ibama, da qual recorre.

Segundo uma das fontes, a Margem Equatorial tem sido o “Plano A, B e C” da empresa para repor as reservas. Mas se esses esforços falharem, a Petrobras terá que buscar oportunidades futuras no exterior, disseram as duas fontes que pediram anonimato para discutir informações confidenciais.

 “Com toda essa discussão e com toda a exposição que a Petrobras vem enfrentando na Margem Equatorial, o mais provável é que haja uma estratégia para alavancar o portfólio internacional”, disse uma das fontes. A Petrobras nunca deixou de olhar oportunidades no exterior, acrescentou a fonte, mas agora é hora de "olhar mais de perto".

Potenciais alvos offshore estrangeiros incluem Guiana e Suriname, que compartilham uma geologia subaquática semelhante à Margem Equatorial, disse recentemente o presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, ao jornal O Estado de S. Paulo.

“Talvez, se for impossível perfurar (na Foz do Amazonas), possamos testar algo na Guiana e no Suriname”, disse. “Por enquanto, é apenas uma ideia, uma conversa interna.”

Em março, a Reuters informou que a Petrobras estava entre pelo menos 10 empresas, incluindo a Shell (LON:RDSa) e a Chevron (NYSE:CVX), a considerar uma licitação em um leilão de petróleo na Guiana, agora agendado para julho. Prates disse na entrevista que a Petrobras já pagou uma taxa de participação no tão aguardado leilão da Guiana.

Nos próximos anos, Lula quer que a Petrobras se concentre em produzir mais energia renovável. Esses projetos também podem adicionar espaço para expansão internacional, disse Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras.

Por exemplo, ele disse que a Petrobras poderia procurar parcerias com outras empresas em projetos de parques eólicos offshore no exterior para ganhar experiência em um setor para o qual o Brasil atualmente não tem estrutura legal. No entanto, ele enfatizou que a empresa provavelmente precisará aumentar a produção de petróleo para pagar por seu pivô verde.

A Petrobras tem projetos exploratórios na Colômbia, Argentina e Bolívia, mas a maior parte dos investimentos planejados está no Brasil.

Ela planeja perfurar dois novos poços em 2024 na Colômbia, onde no ano passado anunciou a maior descoberta de gás natural do país. A Petrobras também espera continuar explorando na Bolívia e na Argentina, disse uma das fontes.