A maioria dos ministros das finanças e chefes de bancos centrais do grupo de países BRICS não compareceu a uma reunião de alto nível em Moscou na sexta-feira antes de uma cúpula do BRICS no final deste mês, enviando mais autoridades juniores em vez disso, mostraram documentos oficiais.
Ministros das finanças do Egito e dos Emirados Árabes Unidos e o chefe do banco central do Irã estavam presentes enquanto o ministro das finanças russo Anton Siluanov pedia a criação de uma alternativa ao sistema financeiro global dominado pelo Ocidente.
Mas ministros das finanças e chefes de bancos da China, Índia e África do Sul ficaram de fora, enviando deputados ou autoridades juniores em vez disso, um dia após o assessor do Kremlin Yuri Ushakov acusar o Ocidente de pressionar os países a não comparecerem à cúpula do BRICS.
O BRICS, originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia e China, se expandiu para incluir África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos.
A reunião de Moscou é modelada no cronograma do Grupo dos 20, onde as cúpulas são precedidas por reuniões de altos funcionários de política econômica que delineiam propostas a serem revisadas pelos líderes na cúpula.
A Rússia, fortemente sancionada pelo Ocidente por sua guerra na Ucrânia e isolada dos mercados de capital internacionais, está tentando cortejar parceiros do BRICS com iniciativas como a criação do sistema de pagamento internacional BRICS Bridge.
“A criação de uma iniciativa de pagamento transfronteiriço é nossa principal tarefa”, disse Siluanov aos oficiais. A Rússia também está pressionando pela criação de um centro de compensação do BRICS, uma agência de classificação, uma empresa de resseguros e uma bolsa de commodities.
Siluanov também propôs a criação de uma plataforma de investimento conjunta com base no Novo Banco de Desenvolvimento do grupo, sua única instituição financeira em funcionamento. A plataforma usará uma nova forma digital de transações, ele disse, sem dar mais detalhes.
ATRASOS NAS TRANSAÇÕES
A Rússia sofreu recentemente atrasos em transações internacionais com seus parceiros comerciais, incluindo países membros do BRICS, pois os bancos nesses países temem ações punitivas de reguladores ocidentais.
Os problemas de pagamento forçaram as empresas russas a usar acordos de troca e criptomoedas para facilitar os pagamentos.
A China foi representada em Moscou pelo vice-ministro das Finanças Liao Min e pelo vice-governador do Banco Central Changneng Xuan, e a Índia pelo secretário do Ministério das Finanças Ajay Seth.
A cúpula está marcada para 22 a 24 de outubro em Kazan, capital da região russa do Tartaristão.
O assessor de política externa do presidente Vladimir Putin, Yuri Ushakov, disse que nove dos 10 estados do BRICS enviariam seus líderes, embora a Arábia Saudita enviasse seu ministro das Relações Exteriores, o príncipe Faisal bin Farhan Al Saud. A delegação saudita estava ausente da reunião de sexta-feira.