Produção industrial brasileira cresce em outubro, mas perspectiva de curto prazo permanece nebulosa

A produção industrial no Brasil aumentou 0,3% em outubro em relação a setembro, informou o IBGE nesta sexta-feira, retornando ao território positivo após duas quedas mensais consecutivas, embora ainda abaixo dos níveis pré-pandemia.

A estimativa mediana em uma pesquisa da Reuters com economistas projetava estabilidade em relação ao mês anterior.

A produção em outubro também cresceu 1,7% em relação ao ano anterior, ligeiramente acima do consenso do mercado de alta de 1,6%.

Os dados da produção industrial na maior economia da América Latina foram voláteis este ano - após um pequeno aumento no início de 2022, quando registrou quatro ganhos mensais consecutivos, o setor enfrentou recentemente uma desaceleração.

O gerente de pesquisas do IBGE, André Macedo, destacou em relatório que nos últimos cinco meses foram três quedas, com maior número de atividades industriais em território negativo.

A produção industrial do Brasil, disse ele, “ainda está longe de reduzir as perdas do passado recente”, já que o IBGE observou que ainda estava 2,1% abaixo dos níveis pré-pandêmicos (fevereiro de 2020) e 18,4% abaixo do recorde histórico (maio 2011).

O aumento acima do esperado em outubro, disse o economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, "reverteu apenas parcialmente as quedas na produção nos meses anteriores.

“E as pesquisas indicam que o setor se saiu muito pior em novembro. Isso reforça nossa visão de que o crescimento vai estagnar nos próximos trimestres”.

Em outubro, apesar da alta generalizada, apenas sete das 26 categorias pesquisadas registraram ganhos mensais, segundo o IBGE.

Alimentos e siderurgia foram os destaques, enquanto veículos automotores, máquinas e equipamentos e bebidas tiveram o maior impacto negativo.

“No geral, o setor industrial como um todo teve um começo decente no quarto trimestre após um desempenho vacilante no terceiro trimestre, mas as perspectivas de curto prazo para o setor como um todo estão se deteriorando”, disse Andres Abadia, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics para a América Latina.