Quase 30% das exportações de ouro do Brasil são ilegais

Aproximadamente 28% das exportações brasileiras de ouro em 2019 e 2020 provavelmente vieram de minas ilegais, um relatório do Ministério Público e da Universidade Federal de Minas Gerais descobriu, apontando para falsificação generalizada de documentos e falta de aplicação da lei eficaz.

O relatório do Ministério Público Federal e da Universidade Federal de Minas Gerais apurou indícios de ilegalidade relativos a 48,9 toneladas de ouro no período de dois anos.

Mineiros selvagens no Brasil freqüentemente extraem ouro de áreas onde a mineração não é permitida, como reservas naturais protegidas ou terras indígenas.

Essa mineração, feita sem levar em conta as regulamentações ambientais, leva ao desmatamento na floresta amazônica (NASDAQ: AMZN) e também pode envenenar rios com mercúrio.

O relatório considerou apenas o ouro que foi registrado no governo federal para pagar impostos sobre o metal precioso e cruzou os dados com imagens de satélite sobre as localizações das minas relatadas.

A quantidade de ouro informada saindo das áreas em questão ultrapassou a capacidade das fontes, segundo o relatório.

“Houve uma tentativa de lavagem desse ouro, para esconder sua verdadeira origem. Mas, cruzando-o com imagens, não tem como esse ouro ter vindo da origem declarada”, disse Raoni Rajao, professor de gestão ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais e autor do relatório.

Para 6,3 toneladas de ouro, a área informada às autoridades como a origem do ouro não mostrou evidências de mineração em imagens de satélite.

O restante foi relatado como proveniente de locais limítrofes a áreas protegidas que mostram sinais de invasão de mineradores.

Dados do governo mostram que 111 toneladas de ouro foram exportadas em 2020, mais do que a produção total de 92 toneladas, também indicando que parte pode ter vindo de fontes ilegais, disse o relatório.

O Ministério de Minas e Energia do Brasil não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Em 2019 e 2020, Canadá, Suíça e Grã-Bretanha compraram 72% das exportações de ouro do Brasil.