Redes elétricas ainda não estão prontas para 'carros voadores', diz Executivo da EVE

As redes de energia em todo o mundo ainda não estão prontas para o chamado carro voador, disse à Reuters um executivo da start-up brasileira Eve Air Mobility, acrescentando que a fabricante de aeronaves elétricas está em negociações com fornecedores de energia para preencher a lacuna.

O vice-presidente de soluções de serviços e operações da Eve, Luiz Mauad, disse que a indústria nascente enfrenta desafios quando se trata do fornecimento de energia que a aeronave elétrica precisa para recarregar. Mas ele expressou otimismo de que eles seriam superados a tempo de a Eve atingir sua meta de iniciar as operações comerciais em 2026.

Eve faz parte de um bando de startups em todo o mundo desenvolvendo aeronaves movidas a bateria que podem decolar e pousar verticalmente para transportar viajantes para aeroportos ou para viagens curtas pela cidade, permitindo que evitem o tráfego.

Mauad disse que Eve tem conversado com geradores e distribuidores globais de energia sobre como tornar a infraestrutura adequada para as aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOLs), incluindo os chamados vertiports de onde eles decolariam.

Controlada pela fabricante de aviões Embraer, a Eve tem uma carteira de pedidos de até 2.850 aeronaves, com clientes em países como Brasil, Estados Unidos, Índia e França.

“Vemos que as grandes cidades estão mais preparadas e as empresas dizem ter estudos de rede para essas cidades, onde a demanda é maior”, disse Mauad. “Mas ainda há o desafio da ‘milha final’ para que a energia chegue aos vertiportos.”

Ele acrescentou que Eve está interessada em fazer parceria com empresas de energia para desenvolver a infraestrutura necessária e disse que no Brasil a empresa está discutindo projetos com a EDP.

“Depois que nossos clientes decidirem sobre suas rotas específicas, as empresas de energia poderão estabelecer se um determinado local está bom ou se exigirá mais tempo”, disse Mauad.

O eVTOL de Eve está sendo desenvolvido para ter um alcance de 100 km (60 milhas). A distância média percorrida deve ser de cerca de 30 km, estima a empresa.

Também avançam as discussões sobre a implantação de vertiportos, disse Mauad, lembrando que estudos mostram que podem ser do tamanho de um heliporto ou do tamanho de um hub, com diversas arquibancadas e terminais de passageiros, dependendo da demanda e da área disponível.

“É um setor em que aprendemos à medida que avançamos.”