Marcos Galperin, presidente-executivo da gigante latino-americana de comércio eletrônico MercadoLibre (NASDAQ:MELI) Inc - já a empresa listada mais valiosa da região - diz que a empresa está apenas começando.
Ele quer triplicar o número de usuários, expandir os pagamentos online, alavancar a inteligência artificial (IA) e usar drones para alcançar mais compradores. A empresa está cada vez mais empurrando empréstimos para consumidores e vendedores em sua plataforma, por sua vez, impulsionando as vendas.
“Temos muito espaço para continuar crescendo no comércio eletrônico”, disse Galperin à Reuters nos escritórios da empresa em Buenos Aires, dizendo que queria aumentar os usuários de cerca de 100 milhões agora para 300 milhões, sem dar um prazo específico.
“Em nossa plataforma FinTech, Mercado Pago, estamos realmente apenas arranhando a superfície de tudo o que podemos fazer. Acho que o Mercado Pago tem enormes oportunidades pela frente.”
O MercadoLibre, a resposta da América Latina à Amazon (NASDAQ:AMZN) ou à Alibaba da China (NYSE:BABA), já se tornou a empresa listada mais valiosa da região, com uma capitalização de mercado de mais de US$ 100 bilhões. O preço de suas ações subiu cerca de 1.600% em dez anos e 26% este ano.
Galperin, no entanto, disse que não estava “perdendo muito sono” com o preço das ações, mas se concentrando no crescimento do negócio nos principais mercados do Brasil, México, Argentina e, cada vez mais, Chile. Ele queria expandir organicamente em vez de por meio de aquisições.
“Não gostamos de comprar participação de mercado, gostamos de construir participação de mercado”, disse ele. O MercadoLibre dobrou seus lucros no último trimestre em relação ao ano anterior, o que ajudou a impulsionar sua avaliação além da produtora estatal brasileira de energia Petrobras em agosto.
ECONOMIA ARGENTINA ‘DANDO A VOLTA’
A sede da MercadoLibre fica em um distrito industrial de Buenos Aires, a apenas alguns quarteirões da garagem original onde Galperin, agora um bilionário pontocom e um dos empreendedores mais influentes da região, cofundou a empresa há 25 anos.
O país, no entanto, tem lutado contra repetidas crises econômicas, com inflação galopante - agora acima de 250% - períodos de controles de capital, inadimplência soberana e recessões regulares pesando sobre o mercado doméstico.
Galperin, no entanto, disse que havia renovado o otimismo, citando políticas orientadas ao mercado trazidas pelo novo presidente libertário Javier Milei, que visitou a empresa na semana passada para marcar um novo investimento de US$ 75 milhões no centro de logística.
“Estamos otimistas sobre a economia na Argentina no médio prazo. Então isso nos levou a investir novamente”, disse ele, citando um aumento no crédito e uma inflação mensal mais lenta ajudando a impulsionar o sentimento do consumidor e as vendas.
“No Q2, vimos crescimento em termos de transações e itens vendidos. Então a economia está se recuperando”, disse ele, embora acrescentando que a recuperação levaria tempo.
Analistas apontaram preocupações sobre a qualidade do crédito, já que a unidade de fintech Mercado Pago emitiu mais empréstimos e a incerteza aumenta sobre potenciais aumentos nas taxas de juros no Brasil. Os empréstimos inadimplentes no Q2 caíram, mas ainda estavam em um alto nível de 18,5%.
Galperin, no entanto, disse que estava “muito feliz” com a forma como a empresa estava gerenciando o risco no Brasil e na região, à medida que explora os milhões de latino-americanos sem banco.
“Enquanto os empréstimos inadimplentes estiverem sob controle, e eles estão, acho que ficaremos bem.”