Os ativos brasileiros recuperaram seu posto como o pior do mundo com um estrondo, enquanto os confrontos entre o presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus principais ministros corroiam o que restava do otimismo dos investidores.
As ações caíram 9,6% e a moeda atingiu o nível mais baixo histórico de 5,7456 por dólar quando o ministro da Justiça Sergio Moro, um dos “super ministros” de Bolsonaro, deixou o cargo. Sua saída ocorre no momento em que o governo já está maduro em meio a uma pandemia de coronavírus - que os investidores temem que possa acabar causando a saída do ministro da Economia Paulo Guedes.
O banco central impediu a queda da moeda ao fazer quatro leilões à vista durante o dia, vendendo US $ 2,175 bilhões de suas reservas. As autoridades também venderam swaps cambiais duas vezes.
“O argumento principal para o Brasil parece ter desaparecido”, disse Fabricio Taschetto, diretor de investimentos da Ace Capital.
Assessor-chave de Bolsonaro desiste e envia mercados brasileiros para queda livre
A saída de Moro aumenta a tensão crescente. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido na semana passada depois de colidir com Bolsonaro na pandemia. Agora, todos os olhos se voltam para Guedes, que está em desacordo com os planos de impulsionar a economia por meio de um programa de investimentos maciço de 10 anos.
A saída de Guedes “seria o fim da” boa história “para o Brasil”, disse Delphine Arrighi, gerente de fundos da Merian Global Investors UK Ltd. em Londres.
O surto de coronavírus praticamente impediu a agenda de reformas do Brasil, e os conflitos entre o governo e os parlamentares tornaram os analistas menos confiantes de que o governo poderá retomar essas negociações assim que a crise acabar. A perspectiva de lucros corporativos, que aumentou as ações, também está fora da janela, com o Santander agora esperando uma contração de 15% no lucro por ação este ano.
A grande mudança nas perspectivas fez com que o índice de ações do Ibovespa caísse 55% em dólares desde o início do ano, de longe o pior desempenho entre os índices globais de ações. O real perdeu um terço de seu valor, ficando atrás de todas as outras moedas.
“O cenário local é o mais confuso possível”, disse Gustavo Pessoa, sócio fundador da Legacy Capital.