O governo venezuelano disse na quarta-feira que estava chamando de volta seu embaixador no Brasil pelo que descreveu como “repetidas declarações intervencionistas e rudes” de Brasília, acrescentando que também estava convocando o enviado empresarial do Brasil para negociações.
Em uma declaração, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela destacou o principal assessor de política externa do presidente brasileiro, Celso Amorim, por “agir mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano” e acusou-o de ser “impertinentemente dedicado a emitir julgamentos de valor sobre processos que correspondem apenas aos venezuelanos e suas instituições democráticas”.
O governo brasileiro não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, mas duas fontes diplomáticas brasileiras disseram à Reuters que o país não planeja responder da mesma forma às ações da Venezuela.
O chefe do parlamento venezuelano, Jorge Rodriguez, havia proposto mais cedo na quarta-feira que os legisladores votassem para declarar Amorim uma persona non grata após acusá-lo de se comportar como um enviado do Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.
A escalada diplomática ocorre após semanas de tensões após a disputada eleição presidencial da Venezuela no final de julho.
Após a votação, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se juntou a muitos líderes mundiais para pedir que as autoridades eleitorais venezuelanas publicassem as contagens oficiais das urnas.
O governo de Maduro reivindicou a vitória, mas ainda não publicou as contagens, enquanto a oposição da Venezuela publicou milhares de cópias digitalizadas de recibos de urnas eletrônicas obtidas por seus observadores eleitorais que, segundo ela, mostram uma vitória esmagadora para seu candidato.
As relações azedaram ainda mais no início deste mês quando o Brasil vetou a admissão da Venezuela no grupo BRICS de economias emergentes, o que a Venezuela classificou como uma “agressão inexplicável e imoral”.