Wang elogia o papel da China como pacificadora e pede cessar-fogo no Oriente Médio

O Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, tentou polir as credenciais de seu país como um pacificador global na Assembleia Geral das Nações Unidas no sábado, pedindo uma cessação dos combates no Oriente Médio e elogiando os esforços diplomáticos de Pequim na guerra da Rússia na Ucrânia.

Wang falou depois que Israel matou o líder do Hezbollah alinhado ao Irã com um ataque aéreo massivo em Beirute na sexta-feira, aumentando os temores de uma guerra regional mais ampla, além do conflito entre Israel e o grupo militante palestino Hamas em Gaza que começou há quase um ano.

“A questão da Palestina é a maior ferida na consciência humana. Enquanto falamos, o conflito em Gaza ainda está acontecendo, causando mais vítimas a cada dia que passa. Os combates começaram no Líbano novamente, mas o poder não pode substituir a justiça”, disse Wang.

“Não deve haver nenhum atraso em se chegar a um cessar-fogo abrangente, e a saída fundamental está na solução de dois estados.”

A segunda maior economia do mundo, a China, recentemente intensificou seu envolvimento em várias crises, buscando rivalizar com o papel tradicional de Washington como mediador global.

Em julho, sediou conversas entre rivais palestinos, incluindo Hamas e Fatah, em Pequim. O presidente Xi Jinping ajudou a intermediar um acordo de março de 2023 para acabar com uma rixa diplomática entre a Arábia Saudita e o Irã, deixando os EUA à margem.

“A paz é a coisa mais preciosa em nosso mundo hoje”, disse Wang na ONU. “Pelo bem da paz, um único raio de esperança é razão suficiente para não desistir. A menor chance merece um esforço cem vezes maior.”

PLANO DE PAZ DA UCRÂNIA

O esforço de paz mais significativo de Pequim é uma proposta de negociações para acabar com a guerra na Ucrânia.

Com a invasão da Rússia em seu terceiro ano, os dois lados do conflito permanecem muito distantes em qualquer caminho futuro para a paz.

A China, junto com o Brasil, propôs novas negociações envolvendo Kiev e Moscou e esta semana reuniu países do Sul Global em apoio a esse plano.

Na Assembleia Geral da ONU na quarta-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy rejeitou os esforços da China e do Brasil, questionando por que eles estavam propondo uma alternativa à sua própria fórmula de paz e alertando: “Vocês não aumentarão seu poder às custas da Ucrânia.”

“A China está comprometida em desempenhar um papel construtivo, engajando-se em mediação de vaivém e promovendo negociações pela paz, não jogando lenha na fogueira ou explorando a situação para ganhos egoístas”, disse Wang.

Mais tarde no sábado, o Ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov disse a repórteres na ONU que queria saber concretamente como a iniciativa da China e do Brasil trabalhará em direção à paz, e disse que é importante que suas propostas sejam “sustentadas pelas realidades” do conflito.

O Secretário de Estado dos EUA Antony Blinken disse na sexta-feira que a China promover seus esforços de paz na Ucrânia enquanto também ajuda Moscou a produzir mísseis, foguetes, veículos blindados e munições “não faz sentido”.

Apesar dos esforços globais de paz, a China está presa em disputas marítimas com alguns de seus vizinhos, que temem uma Pequim cada vez mais ousada.

Xi disse que a “reunificação” da China com Taiwan é inevitável, e a China diz que sozinha exerce soberania e jurisdição sobre o Estreito de Taiwan, parte do Mar da China Meridional.