A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, enfrenta perguntas dos líderes financeiros do G20 esta semana sobre os compromissos políticos dos EUA depois que o presidente Joe Biden desistiu de sua candidatura à reeleição e à medida que cresce a angústia internacional sobre um possível retorno de Donald Trump à Casa Branca.
A viagem de Yellen de 22 a 27 de julho ao Brasil para uma reunião do Grupo de 20 ministros das Finanças e governadores de bancos centrais marca o primeiro grande compromisso de um funcionário do gabinete do governo Biden com contrapartes internacionais desde a decisão de Biden no domingo de se afastar e endossar a vice-presidente Kamala Harris para se tornar o candidato presidencial do Partido Democrata.
Yellen pretende prosseguir na reunião do G20 no Rio de Janeiro com os esforços dos EUA para impulsionar o crescimento através de incentivos à energia verde, aumentar os empréstimos dos bancos multilaterais de desenvolvimento para enfrentar as alterações climáticas e combater o sobreendividamento nos países pobres, disse um alto funcionário do Tesouro dos EUA. Ela também enfatizará o apoio à Ucrânia e falará sobre a capacidade de produção da China.
Mas as questões sobre a continuidade das políticas dos EUA após a decisão de Biden estarão no topo das mentes dos responsáveis do G20 nas reuniões, disseram participantes e analistas.
“A situação nos EUA está realmente no centro das atenções como pano de fundo desta reunião”, disse um delegado europeu do G20.
O delegado acrescentou que as questões sobre a vitória de Trump e os compromissos dos EUA em matéria de clima, impostos e outras questões são “basicamente o que todos têm em mente em termos de quão sustentáveis são as coisas que agora concordamos”.
FOCO NA AGENDA DO G20
Tais questões provavelmente surgirão nas conversas privadas de Yellen, mas provavelmente não nas sessões formais do G20 sobre a economia global, reestruturações da dívida, clima e tributação, disse Josh Lipsky, diretor sénior do Centro de GeoEconomia do Atlantic Council, em Washington.
As autoridades vão querer ouvir mais de Yellen sobre as prioridades económicas de Harris, acrescentou.
“Ela pode dizer que estamos focados na política - totalmente - e vamos deixar a política acontecer, mas ninguém deve questionar o futuro da liderança dos EUA na economia global e o seu compromisso com o multilateralismo económico”, disse Lipsky, um ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional.
Yellen se concentrará diretamente na agenda do G20 na reunião, disse o funcionário do Tesouro dos EUA quando questionado na sexta-feira sobre as preocupações internacionais com a rápida evolução da política eleitoral dos EUA.
Yellen é uma “voz realmente importante” nas questões económicas globais e “as pessoas querem ouvi-la sobre as suas opiniões políticas e é sobre isso que espero que falemos”, acrescentou o responsável.
ESPERANÇAS FISCAIS
As eleições nos EUA já estavam pairando sobre a presidência do G20 no Brasil, onde as autoridades veem a reunião de 25 a 26 de julho como uma última chance antes da votação de novembro para garantir apoio a iniciativas como um imposto global sobre bilionários para tornar a tributação mais justa e mais progressiva em todos os países.
Biden propôs um imposto dos EUA sobre a riqueza superior a 100 milhões de dólares, mas Yellen manifestou oposição a qualquer imposto desse tipo que redistribuísse as receitas entre os países. O funcionário do Tesouro disse que era importante para o G20 enfatizar os princípios de progressividade na tributação, mas um “imposto único global para os bilionários” era improvável.